domingo, 27 de setembro de 2009

[Filme] Otesánek (Little Otik)






Era uma vez um casal, e por algum motivo eles não conseguiam ter filhos. Assim eles viviam, de forma solitária e complicada mas viviam, na esperança de que algo pudesse melhorar.
Um dia o homem, trabalhando em sua colheita, encontrou um tronco que atrapalhava a plantação. Ao retira-lo notou logo de imediato que ele se assemelhava a um bebê! Surpreso com o acaso, cortou alguma de suas raizes extras e mostrou a mulher o que havia achado em sua jornada de trabalho. Dessa forma o casal prosseguiu criando esse tronco de árvore como se fosse o seu próprio filho, pela impossibilidade de terem um.
Dias passavam e passavam e Otesánek (O bebê) precisava de mais e mais comida, chegando a devorar coisas que um bercário com cerca de15 bebês passariam o dia inteiro. Um dia, sem comida em casa, a mãe pediu a vizinha um pão e o deixou em cima da mesa. Otesánek ao ver o pão, comeu-o e a mesa junto. Quando a mãe voltou, reparou o estrago que Otesánek havia feito na casa, devorando quase toda a mobília e o tamanho que ele havia atingido. Otesánek come a mãe e o pai quando ele volta do trabalho. Mas não, não, não... sua fome não se saceia apenas com isso.
Em uma jornada pelos arredores ele encontra um rapaz com seu cavalo e os come, um homem e suas ovelhas e os engole dentre outros conforme ele ia cruzando até se deparar com uma plantação de couves. Sentou-se lá e comeu couve por couve até que a dona chegou e começou a reclamar, sem nem se assustar com a aparência de Otesánek que retrucou indo em cima da velha para devora-la mas seus planos não deram muito certo. Com uma enxada que ela tinha am mãos ela abriu a barriga de Otesánek e os deixou sangrando até morrer.


Pode até parecer estranho, mas isso é um conto de fadas da Checo que foi adaptado para o cinema nas mãos (convenhamos, foderosas) de Jan Svankmajer com a colaboração de sua esposa, Eva para fazer o pequeno Otik. Algumas pessoas já devem ter ouvido falar dele pela sua refilmagem de 'Alice' (Lewis Carrol) e até mesmo de 'Fausto' (Goethe), refilmagens bem peculiares pelo uso constante de stop-motion (o que eu simplesmente ADORO),pela atmosfera sombria que ele usa e principalmente pela paranóia que ele insiste em suar inclusive em seus curtas em suas personagens, como fantoches, ratos de laboratórios frente-a-frente com o medo pela primeira vez.
Como ponto de partida essa pequena fábula, ele cria uma atmosfera mais atual com um cortiço e os vizinhos xeretas, um velho pedófilo e um pai que apenas fez uma surpresa para a mulher que, indiferente do que o filho matasse para se alimentar num futuro próximo do filme, não conseguia ve-lo como um monstro pelo seu amor de mãe.
Todos esses nuances de humanismo, os efeitos captados no Pequeno Otik (seria esse o nome se o filme fosse lançado no Brasil), a histórias, as animações e as atuações que são até que notáveis (levante a mão quem já viu algum filme Checo) para um filme de um país não muito conhecido, mas que deveria.
Se resta alguma dúvida sobre o diretor, roteirista, produtor e tudos-o-mais supremo que Jan Svankmajer é, ASSISTA OTÉSANEK ou qualquer outra coisa dele. Mesmo que ache algumas coisas sem pé nem cabeça, é inegável que ele é extremamente talentoso no que faz. Ver algo dele de cara é muito estranho, mas basta ter a mente aberta para entender e começar a adorar-lo e até se afeiçoar um pouco com o Pequeno Otik e sua fome inacabável.
Se quiserem uma confirmação, assistam o trailer do filme e deem seu veredicto.


Comentário:
Pena que talvez ele não faça mais tantos filmes... já tá com 74 anos mas por mim vive para sempre fazendo filmes fodaços. E se você tiver algum problema com choro de bebês, NEM PENSE EM ASSISTIR ESSE FILME

Nota - 9
Não sei o porque, mas sinto que faltou algo nele para me fazer realmente ficar boquiaberto por tanto tempo como alguns filmes já me conseguiram fazer. Claro que isso não tira o mérito do filme, pois como minha puxação de saco acima já disse, ele é MUITO BOM.

Nenhum comentário:

Postar um comentário